sexta-feira, 23 de junho de 2000

Blue

Menina do sonho que é feito de ti?
Dos caracteres mágicos de ritmo incerto
binário dolente de morna talvez.
Em noites de magia, horas de fulgor
Diante do vidro luminoso e frio,
cintilante e neutro do compaq amigo
E da descoberta
à vez e à peça
do que somos feitos e do que nos falta.
Como da esperança, formada à nascença
dos versos esparsos do Pedro Barroso e de outros poetas
Na troca de ditos em deixas trocadas na charla dispersa
sem saber ao certo
se o que se escrevia tinha um fim em vista ou era só conversa
Partilham-se ideias
mágoas sonhos teias
Projectos de nada aventuras reais
Pessoas e ideias comuns e amigas
Mortais como os outros
personagens loucos
e outros assim
profundos vazios
como o fio das coisas cobertos de túnel sem a luz no fim.

Menina sem sono porque já não vens ?
Coberta e vestida da cor do teu porto
do azul do céu,  do azul que é tanto!
Dessa cor que um dia alguém te ofereceu.
Dessa poesia feita por medida
Dessa melodia que alguém te cantava
quando te encantava
E não era eu.

Menina dos sonhos precisas de vir.
Sei uma anedota de que te vais rir
E se for preciso pra te ver feliz
inventarei outras e tantas e tais
que até vais chorar por não haver mais.
E narro-te estórias
sem pés nem cabeça sem tom nem sentido
que guardo no fundo do baú dos sonhos
num mundo perdido
E conto-te  o resto do que não vivi
mostro-te estas marcas de que não me orgulho
e ainda tudo o que está por vir
(Sabes que eu sei tudo!).

Só não sei se durma antes ou depois
se te espere à noite ou de madrugada
se fique feliz por saber que vives
ou fique zangado por te ouvir viver.
Ou fique frustrado por te ouvir dizer
que há sempre outros sóis para te acordar.

Menina vadia porque não vens mais?