quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Amizade

"Para um amigo tenho sempre um relógio
esquecido em qualquer fundo da algibeira.
Mas esse relógio não marca o tempo inútil.
São restos de tabaco e de ternura rápida.
É um arco-íris de sombra, quente e trémulo.
É um copo de vinho com o meu sangue e o sol."


…e para uma amiga tenho sempre mais alguma coisa!

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Publicidade

Não vejo grandes diferenças entre o Hi5 e os anúncios de sexo dos jornais.
A oferta é semelhante, o negócio é que não é tão explícito.

Zanga de compadres

O sr. José Veiga, ex Swindon Town, ex SLB, ex FCP, ex Superfute, portista de nascença e benfiquista desde pequenino, deu um livro à estampa.
Até aqui, nada de novo neste país de brilhantes escritores.
Só que, pelos vistos, despeitado, malha forte no seu antigo mais-que-tudo, o presidente do glorioso (Mas onde é que eu já vi este filme?!).
E pronto, Vieira, aí tens a tua Carolina! Puta como a outra .. mas com mais laca!

Mistério

Ao fim deste tempo todo, eu, ao contrário dos meus compatriotas, ainda não consegui descobrir quem fez desaparecer a pequena Maddie... Se foram os pais, os amigos, os ciganos ou os extraterrestres.
O que me leva a pensar que posso até ser mais burro do que a própria PJ.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Sonho

Quando damos por nós a visualizar o personagem do livro que andamos a ler com o rosto e a figura da mulher que desejamos isso é amor ou paranóia?
- Ai Rita Carreira, as coisas que tu me fazes sentir!

sábado, 3 de novembro de 2007

Dia de Finados

"Heaven is a place in the heart where the living keep the dead safe."

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

escuta

Escuta!
Faz como o rio
Investe em desafio
Desvairado
Contra as margens que comprimem os teus sonhos
E tecem o teu fado

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Melancolia

"Herbsttag

Herr: es ist Zeit.
Der Sommer war sehr groß.
Leg deinen Schatten auf die Sonnenuhren,
und auf den Fluren laß die Winde los.
Befiehl den letzten Früchten voll zu sein;
gieb ihnen noch zwei südlichere Tage,
dränge sie zur Vollendung hin und jage
die letzte Süße in den schweren Wein.
Wer jetzt kein Haus hat, baut sich keines mehr.
Wer jetzt allein ist, wird es lange bleiben,
wird wachen, lesen, lange Briefe schreiben
und wird in den Alleeen hin und her
unruhig wandern, wenn die Blätter treiben."

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Carta a Garcia

É comum no futebol, os responsáveis queixarem-se do azar e de factores externos para justificar os insucessos. Em vez de uma análise fria e objectiva ao trabalho do grupo no sentido de corrigi-lo e melhorar, preferem atalhar pelo caminho fácil que pode ir dos erros do árbitro à falta de apoio do público, da falta de humidade ao calor em excesso, do estado da relva à pressão da bola… etc., etc., etc. Ou então, na falta de melhor argumento, à infelicidade, que justifica sempre o injustificável.
Nunca, mas nunca, o desaire pode ser humildemente reconhecido e assumido em termos simples do género: “ jogamos pior que eles” “os meus jogadores merecem um puxão de orelhas”.
Ou as coisas nunca são assim tão evidentes para quem nelas está envolvido ou então há milhares de pessoas que vêm tudo ao contrário. E que apenas vêem nessas palavras meras desculpas esfarrapadas.
O seu Vizela, (que tem um dos melhores planteis da liga de honra) até ao momento, em rigor nada fez, que justificasse os propósitos ambiciosos que lhe vaticinam. Publica ou veladamente. Saiu prematuramente eliminado e humilhado da Taça Carsberg. Esmagou, é certo, outro candidato, numa tarde de fogachos felizes mas, logo a seguir, perdeu contra uma equipa fortemente candidata … à descida ou aos sobressaltos do costume.
Contra o Trofense conseguiu um empate feliz e a sua equipa só cresceu à medida que o adversário se foi encolhendo. Com um treinador mais audaz no banco rival o Vizela corria sérios riscos de sair envergonhado, mais uma vez.
Nesse aspecto, não se pode queixar do destino nem de falta de cortesia do adversário.

Queixou-se de falta de apoio. Ou antes, de falta de carinho.
As equipas ganhadoras conseguem atrair mais público precisamente porque ganham mais vezes. E as pessoas comuns procuram associar-se aos vencedores para poderem partilhar as alegrias e a emoção das vitórias. Por isso endeusam os vencedores e desprezam os vencidos - a vida já lhes trouxe derrotas e dissabores suficientes.
Então ponha a equipa a ganhar mais vezes e vai ver se o público não corresponde em apoio.

Ou será que já esqueceu o carinho que lhe dispensaram quando subiu de divisão?
Mas, deixe que lhe diga, não é o público que arma a equipa nem que marca golos. Logo, por mais entusiasta e carinhoso que seja, não consegue por si só, ganhar os jogos.
Sentirá falta de apoio noutras áreas? Então seria bom chamar as coisas pelo nome. Os eufemismos e as alusões veladas não lhe servirão de muito na hora do balanço. E, repare, ficar em 3.º ou em 14.º é rigorosamente igual.
Até pode ser que a dimensão e as condições do clube sejam incapazes de sustentar um projecto desta natureza. Mas esse é outro problema. E pode até ser verdade mas porque repara nisso apenas na hora dos fracassos?

sábado, 1 de setembro de 2007

Lembrança

Eu não preciso de te ver para me lembrar de ti.
Mas é bom ver-te para me lembrar que esquecer-te é o caminho certo.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

estrelas

Dizem que as estrelas são estradas
secretas vias sacras circundantes
onde pagadores de promessas recusadas
caminham cegos como judeus errantes

dizem que as estrelas são instantes
na planura insana e desabrida
onde se encontram e perdem os amantes
em parcos desencontros de fugida

dizem que as estrelas são lembranças
de mágoas intensas e breves alegrias
que se passeiam no céu como crianças
à procura da alma de outros dias

Dizem que as estrelas são o vento
onde vagueiam as almas solitárias
entre véus de memória e esquecimento
sobre abismos negros e feridas várias

dizem que as estrelas são os vultos
peregrinos exaustos em pedaços
dos sonhos esquecidos e ocultos
em jardins suspensos no espaço

há quem diga que as estrelas são fantasmas
eu digo que as estrelas são mistérios



sábado, 25 de agosto de 2007

Mal-entendido

-Fala comigo! Senão parecemos robots…
-Diz-me uma coisa gira. Vá, diz!
-Já viste aquele casal ali sentado há que tempo e ainda não disseram uma palavra. Eu não quero ser assim. Nós nunca vamos ser assim.
Acabámos por nos entender.
E desentendermo-nos passado algum tempo.
Porque as palavras tanto são violinos como chicotes, tanto são laços como láminas.
E, para ti, as palavras não passam de uma máscara que usas para confundir os outros.
Mas, mesmo agora, quando o telemóvel vibra no silêncio, ainda corro, esperançado de ver o teu nome no écran... mas nunca és tu.

Desencontro

-Olá! Vens jantar comigo?
-Já tenho um jantar marcado com uns amigos. Podias ter dito mais cedo…

Pois… deslocar-me 50 km. pra te fazer uma surpresa não merecia outra coisa!

Velhice

Está um cão deitado no tapete à entrada do prédio. Cão velho, alquebrado. Passam as pessoas, levanta-se, deixa passar, volta a deitar-se. Sem um resmungo, sem um rosnado. Apenas uma imensa tristeza nos olhos cansados. Como se pedisse desculpa pelo incómodo. Ou pedisse perdão por ainda estar vivo.
Também há pessoas assim...

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Cultura

( Do Boletim Municipal) “A Câmara Municipal de Vizela ratificou no passado dia 27 de Julho, em Frontignan La Peyrade, o Protocolo de Geminação com aquela localidade francesa, que havia sido assinada em Vizela a 19 de Março último.
O Município de Vizela fez-se representar ao mais alto nível, através da participação dos presidentes da Câmara e da Assembleia Municipal. Porque a Geminação de cidades europeias é, acima de tudo, um encontro de cidadãos, participaram igualmente nesta visita ….”

Interessante, digo eu, para aprofundar os laços de amizade e o intercâmbio cultural entre dois povos.
A julgar pelos interesses dos (alguns) elementos que compunham a embaixada vizelense, deve ter estar para breve a realização do I Grande Torneio Luso-francês de Sueca … ou de Loba.

Até um dia

“A cidade está deserta,
E alguém escreveu o teu nome em toda a parte:
Nas casas, nos carros, nas pontes, nas ruas.
Em todo o lado essa palavra
Repetida ao expoente da loucura!
Ora amarga! ora doce!
Pra nos lembrar que o amor é uma doença,
Quando nele julgamos ver a nossa cura!”

Vieram-me estes versos à memória, ao passear em Vizela, ontem à noite. Tristes, abandonados e infelizes, desterrados parecem ser os que ficaram.
Mas nem tudo é mau, mesmo à hora de almoço não faltam lugares de estacionamento e não há filas em lado algum. Nem mesmo nas caixas do Minipreço!!
Também me lembrei que os Ornatos tocaram em Vizela, aqui há uns anos. Juntamente com outras bandas, num festival organizado pela Márcia Castro (olá doutora! Um dia também vou falar de ti.), que teve lugar na Praça. Para meia dúzia de ouvintes. Como não foi organizado pela Câmara nem os funcionários municipais tiveram que marcar presença. E, se bem me lembro, também não havia barracas de farturas…

Calma

O prazer do fim de tarde numa esplanada quase deserta. A satisfação pura de ver o tempo passar de mansinho entre dois goles de cerveja e a leitura de um jornal.

AUSÊNCIA

"Num deserto sem água
numa noite sem lua
num país sem nome
ou numa terra nua
por maior que seja o desespero
nenhuma ausência é mais funda do que a tua."

Sophia

E que mais dizer, excepto repetir os seus versos no silêncio?

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Súplica

"Devolve-me os laços, meu amor."

Torga

"Orfeu rebelde, canto como sou:
Canto como um possesso
Que na casca do tempo, a canivete,
Gravasse a fúria de cada momento;
Canto, a ver se o meu canto compromete
A eternidade no meu sofrimento."

Miguel Torga foi um dos ícones literários da minha juventude.
A sua imagem de poeta aflito, atormentado, de cidadão empenhado e consciente marcou, não apenas, a minha formação como a minha forma de vida.
Hoje, confesso, não consigo encontrar na leitura dos seus versos o fascínio de outrora. Não que ache desajustado o tom agreste e confessional ou que tenha passado de moda a acuidade dos temas, mas, como hei-de dizer?, por sentir que falta espontaneidade na sua poesia.
É assim como um pássaro mecânico, hábil e trabalhosamente construído mas que, por mais alto que voe não consegue igualar em simplicidade e beleza o modelo vivo.

Ídolos das multidões

Paulo Coelho está para a literatura como Tony Carreira para a música. Voz fininha, falinhas mansas, mensagens directas ao coração… um olho no céu, o outro no banco, o místico e o romântico lá vão levando a vida.
A esperteza, mais do que a inteligência, é a grande virtude do tempo que vivemos.

A febre da bola

O FC Vizela esmagou o Beira-Mar no primeiro jogo da Liga Vitalis. Cem por cento de eficácia.
Ainda bem! Ao menos, que os resultados salvem o dia.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Festas na cidade

Acabaram as festas em Vizela .
Quatro dias de êxtase. Foguetes logo ao raiar da aurora, bombos pelo dia fora e, à noite, o chinfrim do arraial completo.
Uma mixórdia de barulho, confusão e saloiada. Fornecimento contínuo de óculos, malas, relógios e outros artigos contrafeitos, a 5 euros a peça e parvoíce grátis.
Eu imagino assim o inferno da bíblia: bombos, foguetes, música pimba… e a emissão da RV em fundo!
Acabaram as festas. Que pena! Fica a saudade...e o cheiro a urina pelos cantos.