sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Dedicatória

O dia chegou.
E passou como passam os dias
-Não podemos parar o tempo
Felizes somos de poder cristalizar momentos
E recriar com palavras os tesouros perdidos

Deito-me e sonho
Adormecido, revejo-a nos formas, nos gestos, nas palavras…
- Descubro que não preciso de outras provas.
O corte é uma ferida que se nega, que sangra
Que se disfarça em risos, que se desfaz em toques de ternura

Acordo e, desperto, pergunto: 
e agora, como vou eu viver neste deserto? 

sábado, 27 de julho de 2013

Confuso

Posso esperar algum tempo...
Não muito, talvez, mas ainda posso
retardar o passo, esperar a vez
e esconder o abraço que guardei pra ti.
Só não sei, miúda, se entre a espera e o cansaço,
entre o teu corpo e o meu laço
sobrará, ainda, espaço para o sonho que teci

Estou confuso - suponho, e já nem sei
se o pranto que recuso e o desencanto
da longa alvorada mal dormida
são portos de chegada ou de partida

terça-feira, 2 de julho de 2013

Passo a passo

Sonhei-te em turquesa e garça
e tu surgiste de perfil no horizonte
(os sonhos são promessas indecisas, se nos recordamos das cores ao acordar)

Eu segui a tua sombra, como um cão segue o dono
(há uma imagem de abandono que me segue
ao ver a curva da estrada e ao céu ao longe)

Sob tectos de verde, acertámos o passo
e, sem pensar no que passou nem no passo seguinte
deixámo-nos levar pelo caminho.

Pressinto que não passa de miragem
mas até nos desertos há esperança