terça-feira, 16 de dezembro de 2003

corpo

O teu corpo era uma cidade adormecida
à espera de beijos
os profundos bocejos
que se ouviam na penumbra
eram gritos de prata da solidão mais funda
O teu ventre rosado de penugem
ocultava segredos
desenhava mapas para os meus dedos
que se estendiam meigos
do infinito até ao cume dos teus seios
E o teu rosto era o jardim da cidade
que é preciso
nos teus olhos brincavam crianças
saltitando entre os canteiros do teu riso

sábado, 5 de abril de 2003

rosas amarelas

As rosas amarelas floresceram
E o teu corpo, amor, é uma saudade
As sete juras que invocamos juntos
Aos anjos pueris da nossa idade
São sete pedras de mínimo alcance
Setenta ausências com fundo de verdade

As rosas amarelas do jardim
Colhidas frescas no seu recanto terno
Desfolham ais e lágrimas e sopros
E a voz que canta não sabe da ilusão
Quando as histórias se contam e desfazem

As rosas amarelas floresceram
E é uma saudade o nosso amor de outrora
As sete juras que afirmamos juntos
Aos anjos que velavam distraídos
São sete espinhos cravados na memória
Setenta sonhos em rosas diluídos