terça-feira, 8 de outubro de 2002

inceteza

Não sei se será amor
Mas então é o quê ?
Poderá amar-se apenas uma sombra
que se entrevê vagamente de fugida
descendo a avenida ou contornando a praça.
num ritual incerto e conivente
indiferente aos olhos de quem passa ?

Não deve ser amor
senão tu já sabias
esse contacto longínquo e abstracto
feito do que sobra dos teus dias
Este quase nada insistente e grato
confuso de emoção tonta
Mas então o que é esta paixão?
Uma ilusão de brincar ao faz de conta ?

Não, não digas nada, não respondas
deixa que te ame da forma que te vejo
permite só que te espraies em meus sonhos
nas noites claras e redondas
O amor está onde o pomos
numa cor num grito num poema
dizem que é esperança ou é saudade
e eu escolhi a incerteza como tema

Não digo que és o amor da minha vida
porque a vida é só isto, pouco mais
e todos os dias nascem folhas novas
Os anos passam caducos,
mais breves do que tardes outonais
Do que se fez resta a saudade que demora.
Do resto, a intenção
O que é esta ânsia que em mim chora?
será amor ou apenas solidão?