Chega de resmungos indiscretos
Solilóquios secretos de alquimia
Sorrisos e pulsões a conta-gotas
Carregados de mágoa e de ironia
Chega de monólogos sem remate
de frases repetidas e estéreis
retumbantes de arrojo e de vazio
na árida penumbra do meu quarto
Basta!
Quero a luz do sol inteira nos meus olhos
imensa e pura plena de sentido
Quero a frescura intensa de um beijo
alongada entre o desejo e um sorriso
Quero o roçagar firme de um peito
suculento e palpitante em meus abraços
Quero mãos de afagos atrevidos
arfantes de prazer e de cansaço
Quero rebentos tenros de palmeira
marejando os lábios ressequidos
E água, água da nascente mais secreta
ao encontro da sede dos sentidos
Quero despertares amanhecidos
por ânsias doidas e gestos cristalinos
Quero palavras lentas murmuradas
ao ouvido em sons de violinos
Quero verdes fortes, matas densas
ocultos prados cravados na lonjura
Quero lágrimas de espera, abraços lentos
revelados em fios de ternura
Quero o mar o céu o infinito
A ambição levada ao absurdo
-ou apenas o rubor de uma face
em que o brilho nos olhos diga tudo
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