sábado, 14 de maio de 2011

Basta

Chega de resmungos indiscretos
Solilóquios secretos de alquimia
Sorrisos e pulsões a conta-gotas
Carregados de mágoa e de ironia

Chega de monólogos sem remate
de frases repetidas e estéreis
retumbantes de arrojo e de vazio
na árida penumbra do meu quarto

Basta!

Quero a luz do sol inteira nos meus olhos
imensa e pura plena de sentido
Quero a frescura intensa de um beijo 
alongada entre o desejo e um sorriso

Quero o roçagar firme de um peito
suculento e palpitante em meus abraços
Quero mãos de afagos atrevidos
arfantes de prazer e de cansaço

Quero rebentos tenros de palmeira
marejando os lábios ressequidos
E água, água da nascente mais secreta
ao encontro da sede dos sentidos

Quero despertares amanhecidos
por ânsias doidas e gestos cristalinos
Quero palavras lentas murmuradas
ao ouvido em sons de violinos

Quero verdes fortes, matas densas
ocultos prados cravados na lonjura
Quero lágrimas de espera, abraços lentos
revelados em fios de ternura

Quero o mar o céu o infinito
A ambição levada ao absurdo
-ou apenas o rubor de uma face
em que o brilho nos olhos diga tudo

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